Trago, a todo o povo Tuxá, em nome da Anaí e da Licenciatura Indígena da Uneb, nossa manifestação de profundo sentimento pela partida do amigo Romildo para o reino dos encantados. De modo especial, quero desejar à família de Romildo e à amiga Rosilene, sua irmã, muita força e muita sabedoria para cultivar as boas lembranças e os bons exemplos que Romildo nos deixa. Conheci Romildo ainda muito jovem, no início da década de 1980 e em meio a toda a tensão que antecedeu a dolorosa saída dos Tuxá de sua antiga aldeia e de sua Ilha da Viúva por causa da barragem de Itaparica, ocasião em que ele já demonstrava as qualidades do líder que seria poucos anos depois. Um político de vocação, sempre atento às lutas do seu povo em uma das épocas mais difíceis da sua história, o mínimo que se pode dizer da vida pública de Romildo é que ela sempre foi pautada por grande autonomia e independência. Com um pensamento político muito próprio, Romildo esteve em alguns momentos importantes bem à frente das lutas do povo Tuxá; e, em outros, preferiu ficar à retaguarda para que melhores entendimentos fossem alcançados, mas sem deixar nunca de estar atento a todos os fatos importantes dessa luta. Eu diria que, depois da geração dos grandes líderes que enfrentaram os momentos mais duros da transferência do povo Tuxá (Armando, Vieira, Bidu, dentre outros), Romildo inaugurou uma nova geração de jovens líderes tuxá que viria a ter projeção no movimento indígena a nível nacional, da qual Sandro e Uilton são hoje com muito mérito os nomes mais destacados, mas não os únicos. Romildo nos deixa ainda muito jovem, mas já com muito a nos ensinar.
Guga Sampaio
Antropólogo
ANAÍ - Associação Nacional de Ação Indigenista
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Endosso, com muito sentimento, a mensagem de Guga Sampaio, e o faço também em nome do Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (PINEB), criado por Pedro Agostinho e atualmente por mim coordenado.
Minhas saudações ao povo Tuxá, neste momento especialmente difícil.
Muito atenciosamente,
Maria Rosário